segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Irreligião - Capítulo 2

Continuando a tradução do livro Irreligião, esse é o segundo capítulo, que trata do Design Inteligente.

Para complementar esse capítulo, esse vídeo parece ótimo:


Percebi nas estatísticas algumas visitas, mas nenhum comentário nos textos. Gostaria de pedir que comentassem, corrigissem a tradução ou apenas digam que leram.

    Parte I: Quatro Argumentos Clássicos

  1. O argumento da Causa Primeira (e intermediários desnecessários)
  2. O argumento do Design (e alguns cálculos criacionistas)
  3. Uma pseudociência pessoalmente elaborada
  4. O argumento do Princípio Antrópico (e um Apocalipse Probabilístico)
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O argumento do Design (e alguns cálculos criacionistas)

As árvores balançando ao vento, as colinas e os vales, os lagos repletos de peixes, são todos lindamente extraordinários. Como poderia Deus não existir? Um dos sentimentos mais familiares por trás dos argumentos da existência de Deus, esse aponta para a complexidade e/ou propósito inerente à natureza. Assim chamados argumentos teleológicos (ou argumentos do design), variam levemente em forma, mas todos atribuem essa complexidade ou propósitos percebidos a um criador divino. Essa é a estrutura básica deles:



  1. Algo – A diversidade de formas de vida, a beleza da paisagem, as estrelas, a fina estrutura de constantes – é muito complexo (ou muito perfeito) para aparecer aleatoriamente ou por mero acaso.

  2. Esse algo precisa ser a criação de algum criador

  3. Portanto, Deus, o Criador, existe.



Uma versão alternativa aponta para um propósito que alguns vêem permear a natureza.



  1. O mundo em geral ou formas de vida nele parecem ser evidência clara de uma clara intenção ou direção.

  2. Deve haver um diretor por detrás desse propósito.

  3. Essa entidade deve ser Deus, e, portanto, Deus existe.



Devo primeiro mencionar que existe usos de explicações teleológicas que não tem objeções, aqueles que fazem referência a propósito e intenção, especialmente quando essas explicações podem ser facilmente reformuladas em termos não intencionais. Por exemplo, “O termostato está tentando manter a casa em uma certa temperatura” pode ser reescrito em termos de diferentes taxas de expansão dos metais. Quando esquenta, esse metal expande mais rápido que o outro e aciona um interruptor que desliga o aquecedor e, quando fica frio, o metal contrai mais rápido, ligando o aquecedor novamente. Ninguém esta atribuindo intencionalidade aos metais.

O argumento teleológico data da Grécia antiga, mas provavelmente seu proponente mais conhecido seja o teólogo inglês William Paley, de quem a analogia do relojoeiro é geralmente citada por cientistas criacionistas e outros. Paley nos pede para nos imaginarmos vagando por um campo não cultivado e encontrando um relógio caído no chão. Ele compara a evidência de design no relógio, que certamente todos reconhecem, à evidência de design na natureza – plantas, animais e coisas do gênero. Assim como o relógio claramente tem um criador humano, Paley argumenta que o design na natureza deve ter um criador divino. (Exclamar “Oh meu Deus!” ao encontrar um Rolex de ouro perto de algumas flores bonitas não conta a favor do argumento).

Curiosamente, essa analogia do relógio volta muito atrás, para Cícero, de quem os relógios, entretanto, eram solares e aquáticos. Relógios com componentes simples de quartzo e silício e seus futuros refinamentos podem também ser citados. Apesar de que todos esses dispositivos de cronometragem possam ser outra coisa (esse último pode ser confuso como, por exemplo, com areia em uma praia), as pessoas estão familiarizadas com seus próprios artefatos culturais e reconhecem sua origem humana. Nós sabemos o que os humanos fazem, mas essa familiaridade não pode ser assumida com os alegados artefatos divinos.

A mais flagrante fraqueza dos argumentos teleológicos é, entretanto, a Premissa 1. Qual é a probabilidade de tal complexidade? Como nós sabemos se algo é tão complexo para surgir por si mesmo? Qual a origem dessa complexidade? Criacionistas explicam o que consideram como a complexidade absurdamente improvável de formas de vida postulando um criador. Que esse criador deveria ter uma complexidade vastamente maior e vastamente mais improvável que as formas de vida que criou não parece incomodá-los. Não obstante, é natural fazer sobre o criador as mesmas perguntas feitas sobre as alegadas criações. Lançando uma carta similar àquela recursiva jogada no argumento da primeira causa, questionamos sobre a origem da complexidade do criador. Como ela surgiu? Existe uma completa hierarquia de criadores, cada um criado por um criador de ordem maior e todos, exceto pelo criador de ordem menor, o nosso, criando algum de ordem menor?

Deixe-me sublinhar esta última parte irreligiosa de uma maneira um pouco diferente. Se uma certa entidade é muito complexa e é considerado extremamente improvável que essa complexidade tenha sido formada por si mesma, então o que é explicado por atribuir a complexidade improvável a um ser muito mais complexo e de fonte muito mais inexplicável? Este esquema de Ponzi criacionista leva rapidamente à falência metafísica.

Eu me lembro da namorada de um colega de faculdade que tinha, aparentemente, entendido errado algo que ela tinha lido sobre dispositivos mnemônicos. Para memorizar um número de telefone, por exemplo, ela poderia ter se lembrado que seu melhor amigo tinha duas crianças, seu dentista tinha cinco, sua colega de quarto três, seu vizinho de um lado tinha três cachorros, o do outro lado tinha sete gatos, seu irmão mais velho tinha oito crianças se contarmos as de todas as esposas e ela mesma era uma de quatro crianças. O número de telefone deve ser 253-3784. Seus mnemônicos eram complicados, inventivos, divertidos, sem relação com qualquer outra estrutura, e sempre muito mais longos do que o que eles foram concebidos para ajudá-la a se lembrar. Eles também parecem cometer o mesmo engano que os criacionistas quando eles “explicam” a complexidade invocando uma complexidade maior.

A metáfora sedutora que o argumento do design nos mostra pode também ser reescrito em termos de um grande modelo Lego de, digamos, a catedral de Notre Dame. Se alguém chegar a ele, será obrigado a dizer que os blocos foram colocados juntos por humanos inteligentes. Além disso, se o modelo fosse separado e colocado em uma sacola grande e a sacola fosse sacudida por um longo tempo, alguém poderia ser muito resistente à ideia de que as peças de Lego poderiam encaixar por elas mesmas na forma da catedral novamente.

Certamente, o verdadeiro problema da Premissa 1 e que, ao contrário da situação com o modelo de Lego, existe uma bem confirmada explicação alternativa para a origem da complexidade da vida (e sua maravilhosa diversidade) e – soam as trombetas – essa é a teoria da evolução de Darwin. Mas a ciência criacionista e sua descendente supostamente mais científica, a teoria do design inteligente, rejeita a evolução como por ser incapaz de explicar a complexidade da vida. Criacionistas insistem que os aminoácidos, blocos básicos para a construção do DNA, são como as peças de Lego e não poderiam ter sido colocadas juntas “por acidente”. Fazer isso, eles argumentam, seria muito improvável.

Devo ressaltar que eles também, às vezes, citam a segunda lei da termodinâmica como provendo evidência de sua posição. A segunda lei afirma que em um sistema fechado, entropia (ou, grosseiramente, mas um pouco impreciso, desordem) sempre aumenta. O jarro de vidro quebra, café se dispersa no leite, ar escapa de um balão furado e essas coisas não acontecem ao inverso. Criacionistas algumas vezes colocam humanos, plantas e animais como sendo contra exemplos da segunda lei, já que eles geralmente se tornam mais ordenados com o tempo. Existe uma resposta bem detalhada a isso, mas existe também uma bem curta: uma vez que as coisas vivas estão abertas para o que os cerca e a terra está aberta para o sol, eles claramente não são sistemas fechados e, então, não são contra exemplos da segunda lei. Humanos locais diminuindo em entropia são perfeitamente consistentes com a termodinâmica.

Os resultados de um recente estudo internacional na revista Science pelo professor Jon Miller da Universidade de Michigan e seus associados documentam a prevalência de crença do tipo acima sobre a origem da vida. O estudo deles encontrou não apenas que um número crescente de americanos não acreditam na teoria da evolução mas que de trinta e dois nações europeias e o Japão, apenas a Turquia tem uma maior percentagem de cidadãos rejeitando Darwin. Os autores atribuem os resultados nos Estados Unidos ao fundamentalismo religioso, educação científica inadequada e manobra de partidos políticos. Em relação ao último, Miller escreve: “Não existe nenhum partido político majoritário na Europa e no Japão que utilize oposição à evolução como parte da sua plataforma política”.


Existe um outro fator dessa oposição à evolução que eu quero brevemente discutir aqui. É a tentativa orquestrada pelos criacionistas de vestir com o traje de fundamentos matemáticos alegações sobre origem humana e focar as críticas no que eles dizem ser a minúscula probabilidade do desenvolvimento evolucionário. (Até mesmo a comentarista conservadora de televisão e grande bióloga Ann Coulter emprestou sua perspicácia a esse esforço matemático em seu mais recente livro Godless: The Church of Liberalism [Sem Deus: A Igreja do Liberalismo].)

Criacionistas argumentam que a probabilidade que, digamos, uma nova espécie de cavalos se desenvolva é absurdamente pequena. O mesmo, eles dizem, é verdade para o desenvolvimento do olho ou de alguns sistemas ou mecanismos fisiológicos.

De maneira um pouco mais precisa, o argumento segue grosseiramente como: Uma sequência muito longa de mutações individualmente improváveis devem ocorrer em ordem para que uma espécie ou um processo biológico evolua. Se assumirmos que esses esses são eventos independentes, então a probabilidade que todos eles ocorrerão na forma correta é o produto de suas respectivas probabilidades, que é sempre um pequeno número. Assim, por exemplo, a probabilidade de tirar 3, 2, 6, 2 e 5 quando rolar um dado simples cinco vezes é 1/6 x 1/6 x 1/6 x 1/6 x 1/6 ou 1/7776 – uma chance em 7776. A sequência muito maior de eventos fortuitos necessários para que uma nova espécie ou um novo processo evolua levam a uma probabilidade minúscula que, os criacionistas argumentam, prova que a evolução é tão descontroladamente improvável que chega a ser essencialmente impossível.

Essa linha de argumento, entretanto, é profundamente falha. Note que existe sempre um número fantasticamente grande de caminhos evolucionários que podem ser tomados para um organismo (ou um processo), mas existe apenas um que será tomado. Então se, depois do fato, observarmos o caminho evolucionário em particular que foi realmente tomado e então calcularmos a probabilidade de terem sido tomados a priori, teremos a probabilidade minúscula que os criacionista erroneamente ligam ao processo como um todo.

Deixando de lado as questões com a independência, adequação à região e aleatoriedade (todas as analogias são limitadas), eu ofereço outro exemplo. Temos um conjunto de cartas à nossa frente. Existem quase 1068 – um 1 com 68 zeros depois dele – ordenamentos possíveis das cinquenta e duas cardas do baralho. Alguma das cinquenta e duas cartas deve ser a primeira e alguma das cinquenta e uma restantes deve ser a segunda, uma das cinquenta a terceira e assim por diante. Esse é um número monstruoso, mas não é difícil de imaginar mesmo situações do dia a dia que fazem surgir números muito maiores. Agora, se nós embaralharmos as cartas por um longo período de tempo e então examinarmos a ordem em particular que essas cartas assumiram, estaríamos certos em concluir que a probabilidade dessa particular ordem de cartas ocorrer é de aproximadamente uma chance em 1068. Essa probabilidade certamente se qualifica como minúscula.

Contudo, não estaríamos certos em concluirmos que o embaralhamento não poderia resultar nessa ordem em particular porque a sua probabilidade a priori é muito pequena. Alguma ordem deveria resultar do embaralhamento e foi essa que resultou. Nem mesmo, é claro, estaríamos certos ao concluirmos que o processo como um todo de mover de uma ordem de cartas para outra por meio do embaralhamento é tão descontroladamente improvável que seria praticamente impossível.

O resultado real do embaralhamento sempre terá uma minúscula probabilidade de ocorrer mas, a menos que você seja um criacionista, isso não significa que o processo de obter o resultado é dúbio, afinal de contas. O estudo da Science é preocupante por várias razões, não é a menor delas é que não existem como dizer para qual comprimento a tromba criacionista do elefante GOP vai evoluir.

Um argumento criacionista relacionado é fornecido por Michael Behe, um dos principais apoiadores do design inteligente. Behe compara o que ele chama de “complexidade irredutível” de fenômenos como a coagulação do sangue à irredutível complexidade de uma ratoeira. Se apenas uma das peças da ratoeira estiver faltando – seja a mola, a plataforma de metal ou a tábua – a ratoeira é inútil. A sugestão implícita é que todas as partes da ratoeira teriam que existir ao mesmo tempo, uma impossibilidade a não ser que exista um designer inteligente. Os proponentes do design argumentam que o que é verdadeiro para a ratoeira é mais verdade ainda para os fenômenos biológicos muito mais complexos. Se qualquer uma das mais ou menos vinte proteínas envolvidas na coagulação sanguínea estiver ausente, por exemplo, a coagulação não ocorre e então, o argumento criacionista continua, essas proteínas devem todas ter sido criadas de uma vez pelo designer.

Mas a teoria da evolução explica a evolução de fenômenos e organismos biológicos complexos e o argumento de Paley para o design foi refutada decisivamente. Para registro, seleção natural é um processo altamente não-aleatório que age nas variações genéticas produzidas por mutações aleatórias e deriva genética, e resulta nesses organismos com traços mais adaptados sobrevivendo e reproduzindo. Não é o mesmo que macacos simplesmente digitando aleatoriamente Shakespare em uma máquina de escrever convencional. É mais parecido com macacos digitando aleatoriamente em uma máquina de escrever especial que marginalmente mais frequentemente do que não reter letras corretas apaga as incorretas. (Estranhamente, o fato de nós e toda a vida ter evoluído de simples formas de vida por seleção natural perturba os fundamentalistas que são completamente impassíveis com a alegação bíblica de que nós viemos do barro.)

Outras defesas de Darwin ou refutações a Paley não estão nos meus objetivos, no entanto. Aqueles que rejeitam a evolução são usualmente imunes a esse tipo de argumento, de qualquer forma. Por outro lado, minha intenção final é desenvolver algumas analogias entre essas questões biológicas e as econômicas relacionadas e, em segundo lugar, mostrar que essas analogias apontam para um cruzamento político surpreendente.

Como é que as modernas economias de livre mercado são tão complexas como elas são, ostentando produção, distribuição e sistemas de comunicação incrivelmente elaborados? Entre em praticamente qualquer farmácia e você pode encontrar seu doce favorito. Todo supermercado tem sua marca de molho de espaguete, ou senão a loja da esquina tem. Os jeans do seu tamanho e estilo estão em qualquer vizinhança.

E o que é verdade no nível pessoal é verdade também no nível industrial. De alguma forma, existem bastantes rolamentos e chips de computador nos lugares certos das fábricas de todo o país. A infraestrutura física e redes de comunicação são também maravilhas de complexidade integrada. Fornecimento de gás e gasolina estão, na maioria das vezes, onde eles são necessários. Seus e-mails chegam a você tanto em Miami como em Milwaukee, sem mencionar Barcelona e Bangkok.

A questão natural, discutida primeiro por Adam Smith e depois por Friedrich Hayek e Karl Popper, entre outros, é: Quem desenhou essa complexidade maravilhosa? Que comissário decretou o número de pacotes de fio dental para cada ponto de venda? A resposta, é claro, é que nenhum deus econômico desenhou o sistema. Ele emergiu e cresceu por si mesmo. Um exemplo espantosamente simples de evolução espontânea de ordem. Ninguém argumenta que os componentes do sistema de distribuição de doces deve ter sido posto no lugar de uma vez senão não haveria Snickers na loja da esquina.

Até agora, tudo bem. O que é um pouco mais estranho, entretanto, é que alguns dos mais ardentes oponentes da evolução Darwiniana – por exemplo, muitos cristãos fundamentalistas – estão entre os mais ardentes defensores da liberdade de mercado. Essas pessoas aceitam a complexidade natural do mercado sem pestanejar, mas eles insistem que a complexidade natural dos fenômenos biológicos requerem um designer.

Eles rejeitariam a ideia de que existe ou deveria existir um planejamento central na economia. Eles ressaltariam justamente que simples trocas econômicas que são benéficas para as pessoas se tornam intrincadas e então gradualmente modificadas e melhoradas à medida em que se tornam parte de um sistema maior de trocas, enquanto aqueles que não são benéficos morrem. Eles aceitam a alegação de que a mão invisível de Adam Smith traz espontaneamente ordem à economia moderna. No entanto, como notamos, algumas dessas mesmas pessoas recusam-se a acreditar que a seleção natural e “processos cegos” podem chegar a ordem biológica similar surgindo espontaneamente. E a recusa deles, se as respostas a alguns dos meus livros e colunas irreligiosas são típicas, geralmente vão de injuriosos para venenosos, com a maior aglomeração em torno do último.

Nem mesmo grande inteligência é requerida. Programas do tempo do jogo da vida do matemático John Horton Conway utiliza regras de interação muito simples entre “agentes” virtuais e leva a complexidades similares às do tipo econômico. Assim também, algoritmos genéticos e modelos envolvendo os autômatos celulares de Stephen Wolfram e muitos outros, dos quais falarei depois.

Essas ideias não são novas. Como mencionado, Smith, Hayek, Popper e outros o fizeram de forma mais ou menos explícita. Recentemente, vem surgindo muito mais ecos matemáticos dessas analogias invocando redes, complexidade e sistemas teóricos. Eles incluem um ensaio de Kelley L. Ross assim como os breves comentários de Mark Kleiman e Jim Lindgren.

Existem, é claro, muitas diferenças significantes e desanalogias entre sistema biológicos e os econômicos (um sendo que biologia é uma ciência muito mais substancial do que a economia), mas elas não podem nos cegar às suas similaridades ou mascarar as analogias óbvias.

Essas analogias ressaltam duas questões finais. O que você pensaria de alguém que estudasse entidades econômicas e suas interações nas modernas economias de livre mercado e insistisse que elas foram, apesar de um registro do seu desenvolvimento perfeitamente razoável e suportado empiricamente , a consequência de algum legislador todo poderoso e obsessivo por detalhes? Você pode considerar essa pessoa um teórico da conspiração.

E o que você pensaria de alguém que estudasse processos biológicos e organismos e insistisse que eles foram, apesar de uma teoria Darwiniana do seu desenvolvimento perfeitamente razoável e suportada empiricamente, a consequência de um legislador biológico todo poderoso e obcecado por detalhes?


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