sábado, 15 de outubro de 2011

Sobre greves

Uma vez ouvi que o Brasil é o único país em que puta goza, cafetão sente ciúmes, traficante é viciado e pobre é de direita. A frase é atribuída ao Tim Maia, mas não sei se foi ele quem criou.

Recentemente, alguns movimentos grevistas iniciaram-se no Brasil. Entraram em greve os Correios e os Bancários. A reação da população é bastante curiosa: critica-se a greve por pensar que os grevistas estão em situação melhor do que a maioria da população. Esses trabalhadores deveriam, então, contentar-se com as condições de trabalho a que estão submetidos ou procurar outro emprego.

Ou seja, temos que aceitar as condições que temos a sorte de nossos maravilhosos patrões nos oferecerem, já que são todos muito bondosos e merecedores da posição de detentores dos meios de produção, com seu trabalho, sangue, suor e lágrimas. Se você não está satisfeito, retire-se e procure algo melhor. Os incomodados que se retirem.

Ora, se esse é o comportamento padrão, a tendência é que NÃO EXISTAM lugares melhores. O objetivo das empresas é sempre o lucro máximo, obtendo o maior lucro com o menor custo possível. E esse menor custo passa necessariamente pelas condições de trabalho oferecidas. Os trabalhadores que se sujeitam a más condições de trabalho e baixos salários estão trabalhando contra eles mesmos, para a formação de um mercado cada vez mais explorador e que valoriza cada vez menos o trabalhador.

A saída é a organização dos trabalhadores em sindicatos que realmente estejam interessados em defender os seus direitos. E o resultante disso, em vários momentos, será a greve. Nem toda greve é justa, mas condenar a greve apenas porque existem condições de trabalho piores do que as que aqueles grevistas estão submetidos não me parece justo. O que a maioria dessas greves reivindica é nada mais do que a reposição do que já foi perdido com a inflação.

Parece que, no Brasil, os próprios trabalhadores se encarregam de defender o direito dos patrões, como uma relação de suserania e vassalagem. O patrão é como um pai provedor e a empresa como uma família. O que geralmente não se vê é que essa relação de paternalismo só favorece às empresas e prejudica quase que exclusivamente a maioria trabalhadora. Pensar diferente disso não significa iniciar revolução, mas começar a valorizar o seu trabalho, a sua formação. Não devemos trabalhar para sobreviver, mas para viver. Aceitar más condições de trabalho só prejudica a nós mesmos.

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