domingo, 17 de julho de 2011

A vida não basta

Dia desses fui com a Bruna, minha namorada, em um dos shows da SBPC cultural, no Campus Samambaia da UFG. Fui principalmente para ver o show do meu amigo Diego de Moraes, que é integrante da banda Diego e o Sindicato. O show foi bem legal, o Diego e sua banda sempre com muita energia no palco e são muito criativos. Mas uma coisa me incomodou bastante: o desinteresse do publico. Enquanto as bandas se apresentavam no palco, as pessoas estavam conversando, muitas vezes de costas para o palco. Apenas bebendo e conversando, sem nem mesmo se importar com que está se apresentando.

Não sei se isso acontece apenas por aqui, mas me lembro que quando fui no FISL, em Porto Alegre, fui com uns amigos a um bar com música ao vivo. Era apenas um cara com uma guitarra tocando. O cara era bom, mas nada de excepcional. O pessoal do bar, porém, prestava sempre atenção nas músicas, cantando junto e interagindo com o artista. Rolou até os hinos do Grêmio e do Inter (e nós começamos a cantar o do Goiás, embora nenhum de nós soubesse a letra direito). Um comportamento completamente diferente do publico da SBPC cultural em Goiânia.

Qual é o motivo desse desinteresse? Eu penso que, para uma grande parte das pessoas, o que importa é ver gente e tomar cerveja. Simples assim. A paisagem pouco importa: pode ser na pecuária, na SBPC cultural ou no show da Cláudia Leite. Se tivesse tocando uma playlist qualquer ali, faria pouca diferença. Como diria o Rogério Skylab, parece que as pessoas estão sempre dopadas.



Depois que saí do show e fiquei incomodado com a indiferença do público, me lembrei da letra de Ouro de Tolo, do Raul Seixas.

Eu é que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar

Muitas dessas pessoas estão aí esperando a morte chegar. Estão todos satisfeitos, com a latinha de Skol na mão, batendo um papo de costas para o palco, enquanto a banda toca "Eu sempre tento ser um pouco diferente/Só um pouquinho diferente já me é suficiente". "Tá todo mundo igual".

Como diz o Ferreira Gullar, "a arte existe porque a vida não basta". E parece que, para muitos, a vida basta. E, como bem me lembrou o Diego em uma conversa recente, já dizia Raul: "tudo já foi dito, mas ninguém prestou atenção... então tem que dizer de novo".

Um comentário:

  1. Concordo completamente, você acha que quem estava lá, estava para curtir o show? Claro que não. O povo não sabe aproveitar, alias, a unica coisa que eles aproveitam é a latinha da skol.. Mas enfim, eu também percebi aquilo tudo, achei estranho também, falta de interesse lá era mato. Uma das caracteristicas do povo daqui!

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